Em alusão ao Agosto Lilás, mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, unidades prisionais do Estado promoveram ações e rodas de conversa para tratar do tema. O trabalho foi planejado pela equipe Psicossocial do sistema prisional e reuniu internos custodiados por crimes relacionados à Lei Maria da Penha e ao feminicídio. O objetivo foi o de promover reflexão a respeito do assunto, evitar a reincidência e estimular a mudança de comportamentos. As ações foram realizadas durante todo o mês de agosto.

No Centro de Detenção Provisória (CDPV2) do Complexo Prisional Rodrigo Figueiredo da Rosa o objetivo da ação foi refletir, a partir dos relatos dos próprios internos, sobre formas de evitar a reincidência, promovendo maior conscientização. “Durante a atividade, desenvolvemos dinâmica de grupo, na qual os participantes responderam a uma carta fictícia de uma vítima de violência doméstica, estimulando a empatia e a reflexão crítica”, explicou a assistente social, Juliana Oliveira Ramos.

Ela complementa. “A iniciativa é um importante passo para estimular a conscientização a respeito das ações praticadas por esses internos, promovendo a escuta e orientando sobre o que são as violências e suas consequências. Procuramos com isso melhorar as relações afetivas no meio intrafamiliar, no intuito de resgatar o respeito e a valorização da mulher”, complementou Juliana Oliveira Ramos.

O detento L.R. participou da roda de conversa. “Achei muito importante esse encontro. Trouxe conhecimento, fez a gente refletir. A dinâmica mexeu muito comigo, me fez pensar e lembrar da minha casa quando eu era criança. Eu via minha mãe apanhar do meu pai e isso voltou na minha mente. É uma ação que faz a gente refletir para agir diferente. Eu faria tudo diferente, se pudesse. Me sinto muito arrependimento pelo ato que cometi”, disse.

No Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (CDRL) os conteúdos foram desenvolvidos pela Rádio Vox, com a transmissão de podcasts sobre o tema, atingindo toda a unidade prisional. Já na Penitenciária de Segurança Máxima 1 (PSMA1), a ação foi realizada com grupos formados por 20 internos, totalizando 140 participantes.

A ação envolveu internos da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha (PSVV), Penitenciária Regional de Cachoeiro de Itapemirim (PRCI), Centro de Detenção Provisória de Colatina (CDPCOL), Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim (CDPCI), Penitenciária Estadual de Vila Velha 3 (PEVV3) e Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (PAES).

Vítimas de violência

Nas unidades femininas, o Agosto Lilás também reforçou a orientação para interromper ciclos de violência, ajudando as internas a reconhecerem suas vozes e a buscarem caminhos de proteção e mudança. As ações incluíram rodas de conversa, relatos de experiências e orientação sobre direitos femininos e serviços de acolhimento às vítimas.

A diretora do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC), Patricia Castro, destacou que um grande número de custodiadas na unidade já foram vítimas de violência por seus companheiros. “A ação desenvolvida pelo Setor Psicossocial da unidade foi de total importância para ampliar o acesso à informação sobre o tema. Muitas internas já foram vítimas de violência dentro de casa, por atos cometidos por seus companheiros e lembrá-las sobre a necessidade de denunciar e a sair desse ambiente de violência foi essencial”, destacou.

Cerca de 260 internas do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC), Centro Prisional Feminino de Colatina (CPFCOL), Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (CPFCI) e ala feminina da Penitenciária Regional de São Mateus (PRSM) participaram das ações.

A interna D. contou que sofreu violência doméstica por duas vezes, todas cometidas pelo pai dos seus filhos. “A roda de conversa foi muito esclarecedora para mim, até para entender que eu não tive culpa de ser vítima de violência. Agora tenho mais conhecimento sobre como denunciar e procurar ajuda”, pontuou.   

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