Segundo dia do ciclo Desnaturada: Chamado Ancestral promove encontros entre culturas no Parque Cultural Casa do Governador
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Aconteceu nessa quinta-feira (15), o segundo dia de programação do ciclo Desnaturada: Chamado Ancestral, realizado no Parque Cultural Casa do Governador, em Vila Velha. Oficinas, visitas mediadas, apresentações culturais e rodas de conversa reuniram lideranças indígenas e quilombolas, cientistas, artistas e o público capixaba em momentos de troca e escuta.
O período da tarde teve início com a oficina de monotipia, conduzida pelas educadoras Juliana Galvão e Maria Luíza Galacha, que convidaram os participantes a experimentar a técnica da gravura com tintas naturais e elementos colhidos no próprio parque, como folhas, galhos e sementes.
Em paralelo, uma visita mediada especial destacou o acervo de arte contemporânea a céu aberto do espaço, com foco na diversidade étnico-cultural dos povos originários. O momento foi mediado pelos educadores Guilherme Brasil e Laira Barcelos.
Uma vibrante apresentação do grupo Caxambu Santa Cruz iniciou a noite, trazendo ao centro a força dos cantos, tambores e danças afro-brasileiras. Após esse momento, duas rodas de conversa ofereceram perspectivas complementares sobre regeneração e preservação do planeta.
Na primeira, lideranças como Gessi Cassiano, Maria Laurinda Adão, Monge Kendo e Jocelino Tupinikim compartilharam experiências sobre a temática “Reflorestania”, abordando a ancestralidade como base de tecnologias sociais e ambientais”.
Gessi Cassiano, quilombola residente na Comunidade de Linharinho, conectou a todo momento, em sua fala, o ser humano à natureza. “A natureza está pedindo socorro. E tem uma lei. Mas essa lei é feita para quem mesmo? Para natureza ou para quem a destrói? [...] Eu dedico a minha vida à natureza, mas ela está sendo destruída. Cada pedaço que tira da natureza mata um ser humano”, refletiu.
Já a mesa “Regenerantes de Gaia e o letramento do futuro”, com Fábio Scarano, Nurit Bensusan e Ailton Krenak, provocou reflexões sobre o futuro da vida na Terra e a urgência de reformular a relação entre humanidade e natureza.
“Desnaturada é esse organismo que também é chamado de Gaia, o planeta terra. Então é uma referência ao afastamento do corpo humano a tudo que não é humano. Essa abstração do humano que produziu uma diferença de cada um de nós e do nosso entorno. [...] Será que as pessoas conseguem entender que podemos fazer um contato com a natureza em diferentes gradientes? Nós podemos fazer com uma experiência poética e de transcendência também”, disse Krenak.
Nurit Bensusan iniciou sua fala fazendo referência ao livro "Desnaturada: Cultura e Natureza" e dizendo que o presente é uma máquina de fazer futuro. “A gente vive hoje olhando para o nosso passado como se ele fosse um caminho, uma estrada murada que nos conduziu ao lugar onde estamos hoje. É tudo como se fossemos seres que só soubéssemos competir. Mas se olharmos com mais cuidado e atenção ao passado, nós descobrimos que ele não é uma condenação. E a primeira coisa interessante do chamado ancestral é descontruir essa ideia de que o passado é uma condenação, mas sim uma construção”, citou.
Fábio Scarano finalizou a última roda de conversa da noite. “Sobre inteligência eu preciso falar para vocês que aprendi muito com as plantas. As pessoas estranham quando se fala que uma planta, uma bactéria e um vírus são inteligentes. Mas ninguém estranha quando fala que uma máquina é inteligente. E quando a gente fala que o ser vivo é inteligente é porque ele faz três coisas: tem memória, atenção e na somatória desses dois itens, ele consegue se antecipar”, pontuou Scarano que, logo após, fez referência ao livro “Água Viva”, de Clarice Lispector.
A programação continua nesta sexta-feira (16). A participação é gratuita, com inscrições abertas no site parquecasadogovernador.com.br/desnaturada. Os encontros também estão sendo transmitidos ao vivo pelos canais do Parque Cultural Casa do Governador, Secult e TVE Espírito Santo no Youtube.
Serviço:
Desnaturada: Chamado Ancestral
Data: 16/05 (sexta-feira)
Entrada gratuita: retirada de ingressos no site parquecasadogovernador.com.br/desnaturada e no link da bio do Instagram do Parque (@parqueculturalcasadogovernador)
16/05 (sexta-feira)
Parque Cultural Casa do Governador
15h - Oficina: Entre o barro e o Parque
Equipe Educativa do Parque Cultural Casa do Governador: educadoras Guilherme Brasil e Laira Barcelos.
A partir do barro coletado no Parque, os educadores propõem uma oficina de experimentações entre a terra e outros materiais naturais.
Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/1dKJpLjAIXO9F9N1pXBR1k5OIyGRPRd9FfrXTFKVsrC4/edit
17h - Apresentação musical: Coral Tape Retxã'ka
Lançamento do Álbum Djagwata Porã
18h - Conversa com Ailton Krenak, Marcelo Guarani Werá Djekupé e Sidarta Ribeiro: “A Terra que sonha e fala, está escutando tudo”. Mediação: Ana Laura Nahas
20h - Conversa com Tiganá Santana, Ailton Krenak e Fabiano Piúba: “Mata adentro: o chão e o céu dos espíritos da floresta”.
21h - Fala de encerramento com Ailton Krenak, Fabiano Piúba e Fabricio Noronha
Sobre o Parque Cultural Casa do Governador
Inaugurado em maio de 2022, o Parque Cultural Casa do Governador está localizado na Residência Oficial do Governo do Estado e apresenta uma vasta programação estruturada em três eixos complementares: arte, sustentabilidade e educação.
Foi concebido como um espaço dedicado à valorização da produção cultural local e também é reconhecido como a maior galeria de arte ao ar livre do Espírito Santo, com um acervo de 32 obras, sendo 22 permanentes e 10 temporárias, incluindo esculturas, instalações e projetos específicos para o lugar.
Com uma área de 93 mil metros quadrados, o parque é gerido pelas Secretarias da Cultura (Secult) e do Governo (SEG), por meio do Instituto ArteCidadania (IAC). Aberto gratuitamente ao público de terça a domingo, promove uma interação única entre arte contemporânea, natureza e atividades educativas.
Conta com patrocínio ouro da EDP e patrocínio prata do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e patrocínio prata da ArcelorMittal.
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