Há alguns anos, o mês de novembro com a campanha do ‘Novembro Azul’, tornou-se um período oportuno para intensificar as mensagens do cuidado integral à saúde dos homens. A Secretaria da Saúde (Sesa) reforça a importância de práticas que promovem a qualidade de vida e a prevenção de doenças.

De acordo com a referência técnica da Saúde do Homem, Lucimar Venturin Hamsi, muitos agravos poderiam ser evitados se a população masculina realizasse, com regularidade, as medidas de prevenção primária. 

“Na saúde brasileira, por barreiras socioculturais, por exemplo, diferentemente da mulher, a população masculina tende a buscar os serviços de saúde com necessidade de atenção especializada pelo agravamento das doenças. Entretanto, muitos casos poderiam ser descobertos logo em estágio inicial e assim tratados, evitando que doenças se agravassem”, pontuou a referência técnica.

De acordo com a profissional, é fundamental que os homens promovam o autocuidado, lembrando que a saúde é consequência das escolhas e hábitos de vida.

“Hábitos saudáveis e acompanhamento de saúde preventivo são o caminho para o envelhecimento com qualidade de vida, como a prática de atividade física regular, a alimentação balanceada e o uso moderado de bebidas alcoólicas são cruciais para diminuir estes agravos evitáveis”, explicou Lucimar Venturin Hamsi.

Pelo Sistema Único Saúde (SUS), a porta de entrada para o cuidado se inicia na Atenção Primária, nas Unidade Básicas de Saúde (UBS). É na Atenção Primária, que toda população, inclusive a masculina, tem acesso a uma série de exames de check-up que ajudam na prevenção. Por exemplo, aferir a pressão com frequência e acompanhar as taxas de glicose, colesterol entre outros, que são importantes para evitar doenças crônicas como a diabetes, hipertensão e até infartos. Outros testes importantes a serem realizados nas UBS, dizem respeito às doenças sexualmente transmissíveis como o teste de Sífilis, HIV, hepatite B e do vírus da hepatite C.

Conscientizar os homens sobre a importância de se cuidar

As ações do Novembro Azul constituem uma oportunidade para sensibilizar homens, gestores e profissionais de saúde sobre o autocuidado e o cuidado integral da saúde. É importante lembrar que, a identificação precoce de doenças aumenta as chances de um tratamento eficaz. Por isso, alguns exames devem fazer parte da rotina dos homens.

A referência técnica da Saúde do Homem, da Secretaria da Saúde (Sesa), Lucimar Venturin Hamsi, destacou que para que essa mentalidade seja colocada como prática, é importante conscientizar o sexo masculino que o gesto se cuidar é uma decisão pessoal e importante para melhoria de qualidade de vida.

Para isso, a profissional ressaltou que os homens estejam sempre atentos aos sinais que o próprio corpo envia, uma vez que o cuidado deve ser diário. Além disso, faz-se necessário também evitar os comportamentos de risco, seja ao diminuir os alimentos gordurosos e ultraprocessados ou até mesmo o cuidado no trânsito, uma vez que as causas externas são as principais causas de internação e de morte entre os homens no Espírito Santo.

Morbidade e mortalidade nos homens do Espírito Santo

No Espírito Santo, segundo dados do Sistema de Internação Hospitalar do SUS (SIH/SUS), a principal causa de internação de homens neste ano foi por consequências de causas externas, como acidentes ou violências, com 17.523 internações de janeiro a agosto. Esse dado representa cerca de 19% do total de internações de homens no Estado. As causas de internações são seguidas por doenças do aparelho digestivo (11.183), doenças do aparelho circulatório (10.980), doenças do aparelho respiratório (9.511) e neoplasias (7.896).

Em 2024, durante todo o ano, não há mudanças no ranking das principais causas de internação. Foram 25.743 internações por causas externas; 17.257 por doenças do aparelho digestivo; 16.016 por doenças do aparelho circulatório; 14.069 por doenças do aparelho respiratório; e 11.224 por neoplasias.

Em relação à mortalidade, as doenças do aparelho circulatório são as principais causas que levaram os homens ao óbito neste ano no Estado. Até a primeira quinzena de outubro, segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), são 2.919 óbitos por esta causa, seguido por causas externas (2.105), neoplasias (2.097), doenças do aparelho respiratório (1.104) e doenças endócrinas nutricionais e metabólicas (672). Em 2024, durante todo o ano, foram 4.440 óbitos por doenças do aparelho circulatório; seguida de 3.114 mortes por causas externas; 2.855 por neoplasias; 1.088 por doenças endócrinas nutricionais e metabólicas; e 1.068 doenças do aparelho respiratório. Os dados de morbidade (internação) e mortes (mortalidade) são preliminares e sujeitos à atualização.

Cenário epidemiológico do câncer de próstata no Estado

No Espírito Santo, assim como no Brasil, o câncer de próstata está entre as neoplasias malignas que mais acometem a população masculina. Ele é o câncer mais comum entre os homens, com exceção dos cânceres de pele não melanoma.

Estima-se no Estado o diagnóstico de aproximadamente 1.740 casos novos de câncer de próstata por ano no triênio de 2023-2025. Em 2024 foram 1.223 novos casos de câncer de próstata, com uma taxa de incidência de 60,9%. Em 2023 foram 1.283 novos casos e incidência de 64,2%. Os dados são do boletim epidemiológico sobre o Câncer de Próstata, produzido pela Vigilância do Câncer, da Coordenação da Vigilância das Doenças e Agravos não Transmissíveis.

Em relação aos óbitos, foram registrados, em 2025 (até primeira quinzena de outubro), 275 óbitos e 358 em 2024 (ano todo). Os dados, ainda preliminares, são do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM).

Segundo a epidemiologista e referência técnica de Vigilância do Câncer, Larissa Dell’Antonio, a ocorrência desta doença está associada a fatores modificáveis e não modificáveis. “Fatores esses como a idade, histórico familiar e mutações genéticas, e também a fatores de estilo de vida, como obesidade, dieta rica em gorduras, consumo de álcool, tabagismo e sedentarismo. Já a maioria dos casos ocorre em homens acima de 60 anos, sendo rara sua ocorrência antes dos 40”, destacou.

O Ministério da Saúde, assim como a Organização Mundial da Saúde (OMS), não recomenda que se realize o rastreamento do câncer de próstata, ou seja, não é indicado que homens sem sinais ou sintomas façam exames. Entretanto, orienta a redução dos fatores de riscos para o câncer, como o controle do tabaco, prevenção ao uso do álcool, promoção da atividade física, alimentação saudável, combate ao sedentarismo e à obesidade, entre outros.

O homem deve procurar atendimento na Unidade Básica de Saúde de referência para investigar sinais e sintomas, como dificuldade de urinar; demora em começar e terminar de urinar; sangue na urina; diminuição do jato de urina; necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. O SUS oferece ainda tratamento em hospitais habilitados em oncologia, incluindo exames clínicos, procedimentos cirúrgicos e tratamentos.

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