'Maio Amarelo': o importante papel do CREFES na recuperação de vítimas de acidentes de trânsito no Estado

O mês de maio é marcado pelo movimento Maio Amarelo, que promove ações de conscientização sobre o alto índice de mortes e feridos no trânsito. Embora esteja muito ligado aos órgãos de trânsito, o Maio Amarelo também tem grande relevância para a saúde pública, uma vez que os acidentes impactam diretamente os serviços de urgência e os processos de reabilitação física das vítimas. No Espírito Santo, o Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (CREFES), localizado em Vila Velha, é a principal referência na oferta desse tipo de atendimento.
O CREFES é habilitado pelo Ministério da Saúde como Centro Especializado em Reabilitação nas modalidades Física e Auditiva. Embora o atendimento seja dedicado a pacientes com incapacidades físicas decorrentes de diferentes causas, o número de vítimas de acidentes de trânsito se sobressai no dia a dia de trabalho, como conta a diretora-geral da unidade, Adriana Vidal.
“Observamos no dia a dia da instituição que os acidentes decorrentes do trânsito representam uma das principais causas de incapacidade física em nosso público, com uma demanda significativa especialmente de jovens adultos, do sexo masculino, vítimas de colisões ou atropelamentos, com destaque para os acidentes com motocicletas”, explicou Adriana Vidal.
A realidade do CREFES vai ao encontro dos dados da Coordenação Estadual da Vigilância do Acidente de Transporte Terrestre, da Secretaria da Saúde (Sesa). Foram registradas no ano de 2024 registrou 7.386 internações por acidentes de trânsito em toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que 69% (5.106) referentes aos motociclistas, segundo o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Do total de internações, 5.716 (77,39%) eram homens e 1.989 (26,93%) com faixa etária de 20 a 29 anos.
O CREFES é a unidade responsável por receber o paciente após o período de internação oriundo de um trauma, com a oferta de diferentes abordagens especializadas, de acordo com as condições que o paciente apresenta, tais como lesões ortopédicas (fraturas), com amputações, ou lesões neurológicas, como o traumatismo craniano ou lesão medular. O acesso aos serviços do CREFES acontece por intermédio de outros hospitais ou Unidades Básicas de Saúde via Regulação Estadual.
“Em todo esse processo, o paciente passa por uma triagem multiprofissional com avaliação médica especializada para assim ter o acompanhamento com a equipe interdisciplinar, composta por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, entre outros profissionais. Há também a dispensação de adaptações, órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, caso haja necessidade para, por fim, com a alta programada após a conclusão do programa terapêutico”, detalhou a diretora-geral do Centro.
A profissional conta ainda que com a alta programada, o CREFES realiza o encaminhamento do paciente para dar seguimento na Atenção Primária à Saúde, em seu município, e completa: “Temos o compromisso com a excelência e a melhoria contínua dos serviços de reabilitação. Em parceria com Instituições de Ensino Superior, investimos na atualização profissional e no desenvolvimento de novas tecnologias em reabilitação. Além disso, estamos em constante aprimoramento de nossos processos e fluxos de trabalho para oferecer uma reabilitação cada vez mais humanizada e baseada em evidências.”
A sonhada alta programada e o agradecimento à equipe
Um dos pacientes do Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo que conta as horas para concluir mais uma importante etapa em sua vida é o jovem Jefferson Delai da Rocha, de 30 anos. Morador de Itarana, Jefferson faz acompanhamento semanal na unidade para a reabilitação da perna esquerda, após um grave acidente de moto que sofreu em novembro de 2022, em que quase precisou amputar o membro.
“Eu tive uma perda óssea muito grande na minha perna esquerda por causa do acidente. Foi uma colisão de moto com um carro. As pessoas olhavam para mim e falavam que não ia ter jeito. Por causa da perda óssea, precisei aguardar um tempo para dar início à fisioterapia e foi quando eu dei entrada no CREFES, em outubro do ano passado”, relembrou o paciente.
Segundo Jefferson, o acompanhamento na unidade acontece duas vezes na semana e, desde o começo, é marcado por muita parceria junto ao fisioterapeuta responsável pelo seu tratamento, Paulo Roberto Filho. “Muita gente falou que a minha perna não teria jeito, mas o Paulo nunca desistiu de mim. Ele sempre batalhou por mim e hoje a gente conseguiu a evolução que tanto sonhava, e até mais”, explicou.
Atualmente, com apoio de toda equipe multidisciplinar da unidade e o acompanhamento direto do fisioterapeuta, Jefferson já voltou a andar sem a muleta.
Com os avanços no tratamento e o desenvolvimento diário, a esperada alta já tem data para acontecer, ela está marcada para o próximo dia 03 de junho, após um período de muitas conquistas. “A equipe é muito atenciosa. Os profissionais estão sempre preocupados em evoluir e não nos deixam desanimar. Toda equipe está sempre disponível a ajudar”, disse.
Homem, jovem e motociclista: perfil epidemiológico
No Espírito Santo, o perfil epidemiológico que mais interna devido aos acidentes de trânsito é de homem, jovem e, principalmente, motociclista. Segundo a Coordenação Estadual da Vigilância do Acidente de Transporte Terrestre da Sesa, em 2025, com dados até fevereiro, o perfil segue os do ano anterior. Das 519 internações até a data, 325 (62,62%) eram motociclistas. Do total de internações, 394 (75,92%) eram do sexo masculino e 130 (25,05%) com faixa etária de 20 a 29 anos.
Em relação aos óbitos, o ano de 2024 registrou 964 vidas perdidas por acidentes de trânsito no Estado, sendo 428 (44,40%) por motociclistas. Além disso, do total de óbitos 795 (82,5%) eram homens. A faixa etária de maior registro foi 20 a 29 anos, com 203 óbitos (21,1%) do total. Já em 2025, com dados até fevereiro, o Estado já registrou 112 mortes por acidentes de trânsito, sendo 45 (40,18%) de motociclistas. Do total de óbitos, 96 (85,7%) eram homens e com faixa etária de maior registro as de 40 a 49 anos e 50 a 59 anos, com 23 óbitos cada.
Maio Amarelo
O Maio Amarelo é um movimento internacional de conscientização para redução de acidentes de trânsito. O trânsito deve ser seguro para todos em qualquer situação. A campanha tem por objetivo colocar em pauta, para a sociedade, o tema do trânsito, além de estimular a participação da população, empresas, governos e entidades. No Brasil, a campanha é criada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), e traz neste ano de 2025 o tema “Desacelere. Seu bem maior é a vida”.
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sesa
Syria Luppi / Luciana Almeida / Danielly Campos / Thaísa Côrtes / Ana Cláudia dos Santos