Há quatro anos, o Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (CDRL) realiza, em parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Professor Manoel Abreu, a Feira de Ciências e Mostra Científica da unidade prisional. A quarta edição do evento ocorreu nesta sexta-feira (14) e contou com a participação de alunos internos de todas as etapas da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A feira integra o calendário pedagógico anual e possibilita aos alunos a apresentação de experiências interdisciplinares em diferentes áreas do conhecimento. Os projetos são desenvolvidos com caráter científico e abordam temas como sustentabilidade, reaproveitamento de recursos, meio ambiente, saúde, energia alternativa e aplicações práticas da ciência para melhoria da rotina prisional.

Nesta edição, estiveram em destaque 35 estandes que exibiram projetos como um carro movido a energia solar, sistema de filtragem natural de água, construído com materiais reutilizados, projetos sobre cultura oceânica, conectando o tema da feira com o território de Linhares, aquecedor de água natural e a produção de cosméticos naturais produzidos pelos estudantes. Para o diretor do CDRL, Geanderson Oliveira de Carvalho, a iniciativa é resultado da articulação entre as equipes de educação, segurança e psicossocial da unidade.

“Desde a primeira edição, percebemos que a feira traz ganhos expressivos para o processo de reinserção dos internos. Os projetos são pensados para ter utilidade também no cotidiano da unidade prisional. Os professores desenvolvem os trabalhos científicos e, com as equipes de segurança e psicossocial, avaliamos a possibilidade de aplicá-los como atividade laboral. Um exemplo disso é a produção de sabão, que surgiu na edição passada e hoje envolve três internos”, destacou.

O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, reforçou o valor da iniciativa no âmbito do Programa de Ressocialização da Sejus. “A Feira de Ciências evidencia como a educação é capaz de abrir caminhos, despertar talentos e transformar histórias. Trata-se de uma ação realizada em parceria com a Secretaria da Educação, que promove conhecimento, desenvolve competências e estimula habilidades úteis também para o trabalho. O objetivo do nosso programa de ressocialização é oferecer oportunidades, seja por meio da educação e da capacitação profissional, para que, ao retornarem à sociedade, esses indivíduos estejam aptos a garantir o próprio sustento e o de suas famílias”, pontuou o secretário.

Premiação

A feira foi idealizada pelo pedagogo e professor de Química Rodrigo da Vitória Gomes, responsável por implantar uma das poucas mostras científicas do mundo realizadas em unidades prisionais de regime fechado. A iniciativa contribuiu para que ele conquistasse o primeiro lugar no Prêmio Toda Matéria Professor do Ano 2025, concorrendo com 600 docentes de todo o país. Durante a feira, ele recebeu a premiação.

“A feira de conhecimento não é apenas uma exposição de trabalhos. Ela é a prova viva de que a educação abre caminhos mesmo onde muitos só enxergam muros. É emocionante ver o retorno que tudo isso tem gerado: estudantes confiantes, protagonistas, sentindo orgulho do que produzem e percebendo que são capazes de aprender, criar, transformar e serem reconhecidos por isso. A educação, aqui, não é só conteúdo. É ressignificação, pertencimento e futuro. É mostrar que cada pessoa tem história, saberes e possibilidades e que quando a escola entra com afeto, ciência e oportunidade, os resultados atravessam os portões e permanecem na vida”, disse Rodrigo da Vitória Gomes.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Sejus
Sandra Dalton / Paula Lima
(27) 3636-5732 / 99933-8195 / 99241-7856
imprensa@sejus.es.gov.br