01/12/2025 17h21

Mostra Científica do PIC Jr. 2025 tem 120 projetos apresentados em três municípios do Espírito Santo

Oferecer aos jovens estudantes a possibilidade de ter um contato direto com a pesquisa em um momento em que eles nem imaginam ser possível, ainda na Escola, é uma das missões do Programa de Iniciação Científica Júnior do Espírito Santo – Pesquisador do Futuro (PIC Jr.), uma ação do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), em parceria com a Secretaria da Educação (Sedu).

A chamada pública realiza a conexão de pesquisadores com professores e alunos de escolas públicas para que projetos de pesquisa sejam desenvolvidos com a participação ativa dos estudantes. Nesta edição, centenas de adolescentes puderam expor seus trabalhos em três Mostras Científicas PIC Jr. pelo Estado: em Alegre, região sul; em São Mateus, região norte; e em Cariacica, na Grande Vitória.

"É uma chamada que permite uma experiência científica e tecnológica única aos jovens estudantes do ensino público estadual, com o conhecimento sendo adquirido diretamente no contato com pesquisadores mais experientes. Essa aproximação entre instituições de Ensino Superior com a nossa rede pública de Ensino Básico, numa união vencedora graças à parceria com a Secretaria da Educação, faz com que o interesse pela carreira científica, tecnológica e pela inovação desperte desde cedo nesses jovens, preparando a geração de talentos do futuro. Foram mais de 100 projetos expostos nessa edição, o que mostra que é uma iniciativa de sucesso", pontuou o diretor-geral da Fapes, Rodrigo Varejão.

Primeira parada: Alegre

Assim como em 2024, a primeira parada da Mostra Científica do PIC Jr. foi em Alegre. Desta vez, o evento aconteceu no campus do Instituto Federal de Ciência, Tecnologia e Inovação do Espírito Santo (Ifes) e contou com a exposição de 40 projetos ao longo do dia. Entre eles, estava um em parceria formada pela EEEFM Professor Pedro Simão, de Alegre e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) – Campus Alegre, que visava avaliar a influência da granulometria da casca de café na produção de filamentos de PP para impressoras 3D.

O principal objetivo era investigar como diferentes tamanhos de partículas afetam as propriedades mecânicas e de processabilidade, além de contribuir para o avanço tecnológico, promover a valorização de um resíduo agroindustrial abundante no Espírito Santo, e oferecer uma solução sustentável para o descarte inadequado, agregando valor à economia local.

Para Luciano Duarte Moreira Chagas, professor da EEEFM Professor Pedro Simão e tutor do projeto, disseminar o conhecimento e trazer a pesquisa para dentro da escola, tornando o ambiente mais científico, é muito importante para os alunos.

"É essencial mostrar que práticas pedagógicas em parceria com outras instituições, como é o caso do nosso projeto em parceria com a Ufes, pode trazer reconhecimento para a nossa escola, e também estimular os nossos alunos a querer buscar mais conhecimento, se tornando pesquisadores no futuro", avaliou o tutor.

"Por meio desse edital, temos a oportunidade de ter os alunos como bolsistas de iniciação científica Júnior, um professor ser tutor, o meu caso, e outro professor ser coordenador, como é o Michel Picanço Oliveira, da Ufes, neste projeto. Essa parceria veio para fazer a diferença na pesquisa, na educação, mas principalmente dar maior oportunidade para os alunos. É um resultado para a Fapes, para a escola, mas principalmente na vida dos nossos alunos", disse.

Cariacica e região

Depois da região sul do estado, a Mostra Científica desembarcou em Cariacica. Assim como em Alegre, o campus do Ifes da cidade da Grande Vitória recebeu centenas de visitantes que puderam ver os 37 projetos expostos no local.

Entre eles, destaque para a pesquisa realizada por alunos do Ifes de Vila Velha, que buscaram compreender a dinâmica psicossocial das fake news a partir de temas em conflito no campo político e que possuem relevância social, pensando o fenômeno como algo a ser combatido numa sociedade que se pensa democraticamente. O trabalho foi coordenado por Diemerson da Costa Sacchetto, professor do Ifes de Vila Velha.

A aluna do 2º ano do Ensino Médio, Maria Clara Rodrigues, destacou que participar do PIC Jr. abriu um novo horizonte de estudos e fez ela entender que gostava de pesquisa e de psicologia, área que fez parte do trabalho.

“Achei muito importante e divertido participar, porque é um mundo que a gente descobre e não quer sair mais. Antes eu não sabia muito bem como isso funcionava, via algumas pesquisadoras, mas eu não entendia. E agora que eu convivi aqui com esse edital da Fapes, eu adorei esses horizontes de coisas que podem acontecer e também de oportunidades que podem surgir. Acho que despertou um desejo de virar pesquisadora, algo que eu quero seguir e talvez daqui um tempo ter um doutorado, poder ser orientadora de outras pessoas", frisou.

Outro projeto que se apresentou em Cariacica foi o de levantamento de preços recebidos pelos produtores rurais na agropecuária de Santa Maria de Jetibá, feito em parceria entre os alunos da EEEFM Graça Aranha e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

A pesquisadora do Incaper, Edileuza Aparecida Vital Galeano, coordenou o projeto e destacou que a proposta era capacitar os jovens que atuam no meio rural, inserindo-os em atividades rurais relacionadas à pesquisa e às tecnologias que possam contribuir para a agilizar a coleta de preços com aos produtores rurais.

“Os alunos tiveram uma contribuição muito grande fazendo esse levantamento de preços dos produtos lá em Santa Maria de Jetibá. Nós, do Incaper, sempre contamos com a parceria com a Fapes em diversos editais e, esse em específico, é muito importante porque a gente tem oportunidade de fazer essa troca de conhecimento. Os alunos tiveram contato com pesquisadores, extensionistas e também com os produtores rurais. Então, acredito que teve um crescimento, um conhecimento, que vai servir muito para as atividades deles no futuro e como incentivo para eles se interessarem mais por outros projetos e até quem sabe seguir numa atividade acadêmica", explicou.

O aluno Artur Demuner, que cursa o 2º ano do Ensino Médio na EEEFM Graça Aranha, confirmou que a experiência de ter contato direto com a pesquisa mudou a sua forma de pensar ao longo do período de desenvolvimento do projeto.

"No início, confesso, nem parecia ser algo tão legal. Mas no decorrer do ano, as reuniões, essa troca de mensagens com os produtores quando a gente ia nas feiras do município e tudo mais... Isso me despertou uma vontade em querer continuar fazendo pesquisas. Talvez não necessariamente nessa área de agricultura, mas sim continuar pesquisando, porque o conhecimento é algo que ninguém tira da gente", contou.

"Eu nunca tinha participado de uma feira tão grande, até pela nossa cidade ser do interior. Estava um pouco nervoso por ser a primeira vez, mas deu tudo certo e acredito que o pessoal achou bem interessante o nosso projeto", ressaltou Demuner.

Encerramento em São Mateus

A última parada da Mostra Científica teve recorde de projetos expostos em 2025. Ao todo, foram 43 estudos apresentados durante o evento no campus da Ufes de São Mateus, cidade da região norte do Espírito Santo. E um estudo de desinfecção de água de consumo proveniente de poços artesianos com contaminação microbiológica, feito por estudantes da EEEM Dom Daniel Comboni, de Nova Venécia, coordenados pela professora Ester Correia Sarmento Rios da Multivix do mesmo município, chamou a atenção das pessoas que visitaram o evento.

O objetivo do projeto era analisar e elencar o método mais eficaz e apropriado, quanto à agilidade e custo-benefício, de descontaminação microbiológica doméstica da água de consumo proveniente de poços artesianos contaminados. A ideia, ao final, era atender aos critérios de potabilidade. Para Gabriele Santana, aluna do 3º ano do Ensino Médio da EEEM Dom Daniel Comboni, participar do projeto foi transformador em diversos âmbitos.

"Participar no projeto PIC Jr. foi uma experiência bastante gratificante, porque acredito que eu tenha adquirido mais habilidades, como, por exemplo, a comunicação, mais responsabilidade, mais compromisso. É algo que pode refletir na minha vida profissional. Eu também acredito que tenho evoluído bastante como pessoa no que diz respeito a poder resolver problemas, me fez adquirir mais raciocínio lógico para conseguir pensar em hipóteses, em oportunidades, conseguir criar um certo caminho na minha vida."

Segundo a coordenadora Ester Correia Sarmento Rios, o trabalho de iniciar jovens estudantes na área científica é algo especial, que por vezes até mesmo renova a motivação dos mais experientes e também traz novos ensinamentos.

"A coordenação de um PIC Jr., apesar de não ser a minha primeira vez, se mostrou muito mais fácil, por incrível que pareça, do que você ser orientadora de mestrado ou doutorado. Porque os jovens têm esse senso de curiosidade que vem até da infância, que torna como se fosse um motor propulsor da coordenação: quando a coordenação está cansada ou a tutoria está cansada, vem a curiosidade dos jovens e estimula”, informou.

“Muitos dos problemas técnicos que tivemos ao longo do projeto foram solucionados pelos próprios estudantes, porque eles também têm uma visão que nos falta, uma visão que a juventude traz. Eu tive vários problemas, por exemplo, com relação a GPS, a tecnologia, que foi muito facilmente resolvida por eles. Então, traz essas duas melhorias: primeiro, a familiaridade que eles têm com a tecnologia, e segundo essa curiosidade natural tão essencial para o cientista", detalhou.

Bolsas para jovens alunos

É importante frisar que os estudantes dos projetos selecionados receberam bolsas de 400 reais, por mês, durante o período em que a pesquisa estava sendo desenvolvida. Ao todo, cerca de R$ 6 milhões em recursos foram investidos no edital 16/2024, oriundos do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia (Funcitec) e da Sedu.


Informação à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Fapes
Samantha Nepomuceno / Igor Gonçalves
(27) 3636-1867 / 3636-1858
comunicacao@fapes.es.gov.br

2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard