08/03/2021 13h19

Policiais femininas: histórias de mulheres que começaram a carreira militar

As mulheres conseguiram o direito de ingressar na Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) há 37 anos, modificando cerca de 149 anos da história da Corporação. De lá para cá, elas alcançaram diversas patentes, passando por aspirante, tenente, capitão, até chegar na mais alta, a de coronel. Hoje em dia, elas ocupam cerca de 14% dos cargos e estão presentes em diversos setores.
 
O primeiro concurso no Espírito Santo surgiu em 1983, 51 anos após a conquista do primeiro voto feminino e foi um dos primeiros estados a autorizar que mulheres pudessem seguir esse tipo de profissão. Foram 67 policiais femininas que ingressaram na Companhia de Polícia Feminina. Naquela época, elas desempenhavam papéis específicos, atuando em aeroportos, rodoviárias e praças.  
 
Já o primeiro concurso para oficiais começou em 1987, em Prado, Minas Gerais, e, quando as mulheres capixabas voltaram, em 1989, a Companhia de Polícia Feminina foi extinta. A partir daí elas começaram a ocupar diversos outros setores que, até então, eram compostos apenas por homens, como os Batalhões, as Companhias Independentes, as unidades especializadas como Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), o Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb) e, também, na Banda de Música da PMES. Nos concursos atuais, não há separação de gênero.  
 
De sargento a coronel
 
Entre as pioneiras da turma estava Sônia do Carmo Grobeiro, na época com 18 anos. Ela, que veio de família humilde e com muitos irmãos do município de Resplendor, em Minas Gerais, viu no concurso uma forma de ajudar os familiares. 
 
Ela dedicou 37 anos à Corporação e atuou em diversos setores como a Corregedoria, o BPTran, a Academia da Polícia Militar, entre outros. Mas, só em 2010 que alcançou sua maior patente, se tornando tenente-coronel e comandando o 4º Batalhão da Polícia Militar, em Vila Velha. Sendo a primeira mulher a assumir um cargo como esse. 
 
“Quando eu assumi o comando, busquei ficar mais próxima da comunidade. Participava de diversas reuniões com os moradores e também com outros serviços de segurança pública, como a prefeitura e a Polícia Civil. Com isso, consegui um resultado satisfatório quando saí do batalhão. Fechei minha carreira com chave de ouro”, disse. 
 
Durante a carreira, ela fez diversas especializações na área de segurança pública, fazendo mestrado e doutorado. Se tornou coronel em 2013, antes de ir para reserva e, hoje em dia, atua no Conselho da Caixa Beneficente da PM, sendo a única mulher.
 
Combatendo a violência com a música 
 
Quando estava no quarto período de bacharelado em música na Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames), a subtenente Larissa Muniz, de 44 anos, teve um sonho: entrar no Corpo Musical da PMES.
 
O ano era 1999 e foi o primeiro concurso que permitiu que mulheres entrassem na banda. Ela, que possui 22 anos de carreira, já participou de diversos eventos dentro e fora do Estado. Em 2008, tocou como flautista junto com a banda na International Beatle Week, em Liverpool, Inglaterra. A banda foi convidada e foi o primeiro evento internacional dela.
 
A subtenente reforça que, entre as ações, também tem a responsabilidade social, já que a banda toca em terminais, ruas e em escolas. “Vamos em escolas que estão em áreas de vulnerabilidade social. As crianças que geralmente veem a PM de maneira ostensiva, acabam vendo um outro lado, entendendo que estamos lá para defendê-las. Muitas, ainda, começam a ter vontade de seguir a profissão”, contou.
 
Atualmente, a subtenente está na área administrativa do Corpo Musical da PM.
 
Mulher no patrulhamento ostensivo
 
Entre as oito mulheres que atuam na Companhia Independente de Operações com Cães (Cioc), está a cabo Ravena Lahass, de 28 anos. Ela, que ingressou na Corporação em 2013, atua no pelotão operacional da Cioc, realizando treinamento e patrulhamento com os cães em toda a Grande Vitória e em algumas operações no interior do Estado.
 
Durante o patrulhamento, a cabo fica com o K9, cão Eudis, e realiza, junto com outros militares, buscas por materiais ilícitos, como armas e drogas. E, quando não está pelas ruas, ajuda os policiais que ainda não possuem o curso necessário para atuar com os cães. “Durante o treinamento, eu participo auxiliando os militares, corrigindo a postura, mostrando como tem que conduzir o cão e mostrando outras técnicas”, pontuou.
 
A cabo conta ainda sobre a diversidade do trabalho feminino da Polícia Militar, inclusive na Cioc. “Vejo a importância da mulher no serviço policial justamente pela competência que temos”, disse.
 
Sonho de infância
 
Desde quando era criança, a aluna soldado Sabrina Abreu Batista, de 25 anos, teve o pai como inspiração. Ela o via chegando em casa fardado e sentia o orgulho que o sargento tinha da profissão. Por isso, ela quis prestar o concurso para ser militar. 
 
“Foi meu primeiro concurso e foi bastante desafiador, mas eu tinha meu pai me dando apoio”, contou.
 
A aluna soldado começou a carreira militar pensando em atuar na área administrativa e no patrulhamento. No momento, ela está fazendo o curso e deve começar a atuar no ano que vem e, por ter conseguido entrar na Corporação, acredita que as mulheres têm papéis importantes na Polícia.
 
“Nós como mulheres temos capacidade de organização e execução da mesma forma que os homens. O ambiente militar também é para mulher”, frisou.
 
Mulheres na PM
 
O efetivo de policiais femininas no Espírito Santo é composto por 1.165 mulheres (incluindo os Alunos em Formação), o que corresponde a 14% do efetivo total.
 
Atualmente, existem 98 Oficiais Femininas que ocupam diversas funções de comando no âmbito da instituição, como Assessorias, Comandamento de Cias, Chefia de Seções e Subseções, entre outras.

Texto: Matheus Zardini

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