Iases participa de Seminário Nacional sobre Infância e Consumo
A diretora presidente do Instituto de Atendimento Sócio-Educativo do Espírito Santo (Iases), Silvana Gallina, participou da abertura do II Seminário Nacional Infância e Consumo, que começou nesta quarta-feira (27) e prossegue nesta quinta (28) a partir das 19 horas, no auditório da Rede Gazeta, em Vitória.
A abertura do evento também contou com a participação do promotor público de defesa do Consumidor de Vitória, Saint Clair do Nascimento Junior; do diretor executivo do Instituto Civitas, Yuri Varella, instituição organizadora do evento; do procurador de Justiça do Estado de São Paulo, Marcelo Sodré; do presidente do Sinapro no Estado, Luiz Roberto Campos da Cunha; e do professor Geraldo Filho, do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Espírito Santo (Sinepe).
Silvana Gallina destacou a importância do debate sobre ‘Infância e Consumo’ e deixou como mensagem o poema de Carlos Drummond de Andrade: ‘Eu Etiqueta’. “Este é um tema que deve estar cada vez mais na esfera pública. Observamos que hoje existe um processo de alienação e coisificação das pessoas. E neste processo, crianças e adolescentes se tornam descartáveis, pois a lógica do consumo traz o processo de coisificação, não constrói um sujeito pelos seus valores e sim os torna descartáveis pelos seus próprios bens”, disse Silvana.
Em seguida foi debatido o tema ‘Impactos da publicidade de alimentos na formação de hábitos alimentares’, com apresentações de José Augusto Taddei, médico livre docente em Nutrologia Pediátrica na Unifesp (SP) e do procurador de Justiça do Estado de São Paulo, Marcelo Sodré.
Nesta quinta-feira (28), o Seminário debaterá o tema: ‘Sociedade de consumo e impactos ambientais do consumismo na infância’. De acordo com a organização, o evento tem como objetivo aproximar a sociedade civil organizada, o Poder Executivo, Ministério Público, o Poder Judiciário, a iniciativa privada e os demais interessados no tema ‘consumismo infantil’, em um espaço para a promoção do debate e reflexão sobre o desenvolvimento econômico e os processos midiáticos conciliados com parâmetros da Justiça Social e da Ética.
Poema: ‘Eu Etiqueta”, de Carlos Drummond de Andrade
  
Em minha calça está grudado um nome 
Que não é meu de batismo ou de cartório 
Um nome... estranho. 
Meu blusão traz lembrete de bebida 
Que jamais pus na boca, nessa vida, 
Em minha camiseta, a marca de cigarro 
Que não fumo, até hoje não fumei. 
Minhas meias falam de produtos 
Que nunca experimentei 
Mas são comunicados a meus pés. 
Meu tênis é proclama colorido 
De alguma coisa não provada 
Por este provador de longa idade. 
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, 
Minha gravata e cinto e escova e pente, 
Meu copo, minha xícara, 
Minha toalha de banho e sabonete, 
Meu isso, meu aquilo. 
Desde a cabeça ao bico dos sapatos, 
São mensagens, 
Letras falantes, 
Gritos visuais, 
Ordens de uso, abuso, reincidências. 
Costume, hábito, permência, 
Indispensabilidade, 
E fazem de mim homem-anúncio itinerante, 
Escravo da matéria anunciada. 
Estou, estou na moda. 
É duro andar na moda, ainda que a moda 
Seja negar minha identidade, 
Trocá-la por mil, açambarcando 
Todas as marcas registradas, 
Todos os logotipos do mercado. 
Com que inocência demito-me de ser 
Eu que antes era e me sabia 
Tão diverso de outros, tão mim mesmo, 
Ser pensante sentinte e solitário 
Com outros seres diversos e conscientes 
De sua humana, invencível condição. 
Agora sou anúncio 
Ora vulgar ora bizarro. 
Em língua nacional ou em qualquer língua 
(Qualquer principalmente.) 
E nisto me comparo, tiro glória 
De minha anulação. 
Não sou - vê lá - anúncio contratado. 
Eu é que mimosamente pago 
Para anunciar, para vender 
Em bares festas praias pérgulas piscinas, 
E bem à vista exibo esta etiqueta 
Global no corpo que desiste 
De ser veste e sandália de uma essência 
Tão viva, independente, 
Que moda ou suborno algum a compromete. 
Onde terei jogado fora 
Meu gosto e capacidade de escolher, 
Minhas idiossincrasias tão pessoais, 
Tão minhas que no rosto se espelhavam 
E cada gesto, cada olhar 
Cada vinco da roupa 
Sou gravado de forma universal, 
Saio da estamparia, não de casa, 
Da vitrine me tiram, recolocam, 
Objeto pulsante mas objeto 
Que se oferece como signo dos outros 
Objetos estáticos, tarifados. 
Por me ostentar assim, tão orgulhoso 
De ser não eu, mas artigo industrial, 
Peço que meu nome retifiquem. 
Já não me convém o título de homem. 
Meu nome novo é Coisa. 
Eu sou a Coisa, coisamente.
Informações Adicionais:
Programação: 28 de Outubro – 19 horas
Tema: Sociedade de consumo e impactos ambientais do consumismo na infância 
Marcelo Sodré - Procurador do Estado de SP e membro do Conselho Diretor do Green Peace; 
Hélio Cesar Silva - Professor Doutor em comunicação pela PUC - SP; 
José Nazar - Psiquiatra e Psicanalista, mestre pela UFRJ; 
Igor Brito - Professor da FDV e autor do livro Infância e Publicidade;
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação/Iases
Lorenza Rodrigues Grativol
Tels. (27) 3636.5453 / 9932.7739
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