A Secretaria da Justiça (Sejus), em parceria com a Receita Federal, está transformando roupas apreendidas por importação ilegal em peças prontas para doação. O projeto recebeu o nome Estilo Livre e possibilitou a inserção de 25 internas do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC) em frentes de trabalho na fábrica de costura da unidade prisional.

Nesta quinta-feira (04), as roupas descaracterizadas foram doadas a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, do Projeto Tons de Amoras, assistidas pelo Instituto Estrelar, em Jabaeté, na região de Terra Vermelha, em Vila Velha.  São cerca de 640 peças, entre roupas infantis e para adultos, como macacão, vestidos, calças, bermudas e camisas.´

De acordo a delegada da Alfândega da RFB no Porto de Vitória, Adriana Junger Lacerda, para serem doadas, as peças precisam ser descaracterizadas. “Por ser tratar de produto apreendido por importação ilegal, é necessário que as roupas sejam descaracterizadas. Logomarcas e etiquetas devem ser removidas, conforme prevê a legislação, para que sejam destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade. A ação ganhou um novo propósito após essa parceria, pois conseguimos envolver diversos atores em prol de várias causas sociais”, ressaltou.

Ainda segundo a delegada, a parceria com a Sejus evitou que as peças fossem destruídas, já que se tratam de itens falsificados. “São 96 toneladas de vestuário apreendido durante operações de fiscalização da Receita Federal no município de Itaguaí, no Sul do Rio de Janeiro. Em parceria com a Sejus, esse material ganhou uma nova destinação, caso contrário, seria totalmente descartado”, explicou.

As roupas descaracterizadas receberam nova etiqueta, com o nome Estilo Livre. O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco destacou a importância do projeto e que novas doações serão destinadas a outros institutos sociais. “É uma iniciativa que beneficia quem está dentro e fora do sistema prisional, levando dignidade a quem precisa por meio de políticas públicas de ressocialização e solidariedade. As internas envolvidas no projeto receberam capacitação profissional, se orgulham do ofício adquirido e de fazer o bem, como nesta ação social e de cidadania, bem como de responsabilidade ambiental. Devido ao volume de material a ser descaracterizado, planejamos beneficiar outras entidades sociais”, pontuou Rafael Pacheco.

Para executar o trabalho, as internas foram capacitadas por meio do Curso de Costura aplicado em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial no Espírito Santo (Senac-ES). O aprendizado envolveu todas as etapas da produção, como moda feminina, masculina e infantojuvenil.

Além do Estilo Livre, a Sejus mantém outra parceria com a Receita Federal: o projeto Code for Change, que transforma receptores de TV pirata (TV Box) apreendidos em microcomputadores voltados para inclusão digital. Desde o início da parceria, em abril deste ano, a Sejus já entregou cerca de 2.400 aparelhos reconfigurados, por meio do trabalho de internos, à Receita Federal.

União de esforços

A escolha do Instituto Estrelar contou com a colaboração do Instituto Marca, parceiro da Secretaria da Justiça (Sejus).  O instituto, o braço social da empresa Marca Ambiental, promove atividades de relevância social e ambiental por meio de uma rede colaborativa, contribuindo para a inclusão, a qualidade de vida e o cuidado com o meio ambiente. A empresa também absorve mão de obra de internos do sistema prisional há 15 anos.

“Ficamos honrados em colaborar para que o Instituto Estrelar fosse beneficiado, recebendo peças para fortalecer seu Varal Solidário.  Hoje celebramos muito mais do que a doação de roupas. Celebramos uma parceria que ressignifica vidas, oportunidades e perspectivas. Celebramos o encontro de instituições que acreditam no poder do cuidado, da solidariedade e da esperança”, disse a presidente do Instituto Marca, Mirela Chiapani Souto.

“As peças vão beneficiar as crianças atendidas pelo projeto Tons de Amoras, onde elas recebem diversas oportunidades, como reforço escolar, assistência psicológica, jantinhas, e várias outras iniciativas. As roupas serão de extrema importância para as famílias, pois muitas não têm condições de adquirir. Estamos extremamente felizes com as doações”, salientou Brenda Castro, que é idealizadora e gestora do Instituto Estrelar.

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